sábado, 30 de abril de 2016

Concepção de Valor e Riqueza

Marshall mostrou-se bastante sensível às críticas sociais feitas à Economia Política, principalmente do Movimento Socialista Cristão. O tom moral e piedoso de boa parte das objeções delineadas coadunava perfeitamente com os seus valores e, também neste caso, ele mobilizou-se para fornecer uma resposta aos vários aspectos destas que julgou serem pertinentes.
A rejeição ao homem econômico por parte deste autor envolvia, como observado, a visão de que o homem de "carne e osso", com todas as suas motivações e não o homem considerado apenas como um ser aquisitivo, deveria ser o objeto de estudo da economia. Do ponto de vista moral isto significava que as motivações de natureza mais nobres e elevadas dos homens, e não apenas as egoístas, poderiam ser tratadas pela ciência. Ele se esforça por esclarecer que a Economia enfatizava a busca da riqueza não por considerar a ganância ou a mesquinhez valores louváveis, ou por defender a acumulação de capital como o mais importante fim a ser buscado pelos homens, mas pelo fato de o dinheiro ser uma medida (mesmo que defeituosa) da força das motivações (Marshall, 1885, p. 159; Marshall, [1920], 1982, pp. 12-23)
"[...] Ainda que seja verdadeiro que o "dinheiro"[...] ou o "comando sobre riqueza material" sejam o centro ao redor do qual a ciência econômica se agrupa; isto ocorre não pelo fato de o dinheiro ou a riqueza material serem vistos como o objetivo principal do esforço humano, nem mesmo como provendo o principal assunto do estudo dos economistas, mas porque, neste nosso mundo, é o único meio conveniente de medir as motivações humanas em uma larga escala" (Marshall, [1920], 1982, p. 18).
Ele entendia o valor de uma mercadoria através da capacidade da mesma em satisfazer necessidades humanas, sendo definida pela utilidade marginal, o valor de troca de um produto não depende da quantidade de trabalho incorporado mas da utilidade da sua última unidade disponível, utilidade necessariamente menor em função da lei da utilidade marginal decrescente

Com a introdução do fator tempo, na distinção entre longos períodos e curtos períodos, Marshall conseguiu determinar a importância tanto do custo de produção (para longos períodos) como da utilidade marginal (para curtos períodos), na formação do valor das mercadorias.

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