Marshall mostrou-se bastante sensível às críticas sociais feitas à
Economia Política, principalmente do Movimento Socialista Cristão. O tom moral
e piedoso de boa parte das objeções delineadas coadunava perfeitamente com os
seus valores e, também neste caso, ele mobilizou-se para fornecer uma resposta
aos vários aspectos destas que julgou serem pertinentes.
A rejeição ao homem econômico por parte deste autor envolvia, como
observado, a visão de que o homem de "carne e osso", com todas as
suas motivações e não o homem considerado apenas como um ser aquisitivo,
deveria ser o objeto de estudo da economia. Do ponto de vista moral isto
significava que as motivações de natureza mais nobres e elevadas dos homens, e
não apenas as egoístas, poderiam ser tratadas pela ciência. Ele
se esforça por esclarecer que a Economia enfatizava a busca da riqueza não por
considerar a ganância ou a mesquinhez valores louváveis, ou por defender a
acumulação de capital como o mais importante fim a ser buscado pelos homens,
mas pelo fato de o dinheiro ser uma medida (mesmo que defeituosa) da força das
motivações (Marshall, 1885, p. 159; Marshall, [1920], 1982, pp. 12-23)
"[...] Ainda que seja verdadeiro que o
"dinheiro"[...] ou o "comando sobre riqueza material" sejam
o centro ao redor do qual a ciência econômica se agrupa; isto ocorre não pelo
fato de o dinheiro ou a riqueza material serem vistos como o objetivo principal
do esforço humano, nem mesmo como provendo o principal assunto do estudo dos
economistas, mas porque, neste nosso mundo, é o único meio conveniente de medir
as motivações humanas em uma larga escala" (Marshall, [1920], 1982, p.
18).
Ele entendia o valor de uma mercadoria através da capacidade
da mesma em satisfazer necessidades humanas, sendo definida pela utilidade marginal, o valor de troca de um produto não depende da quantidade de
trabalho incorporado mas da utilidade da sua última unidade disponível,
utilidade necessariamente menor em função da lei da utilidade marginal
decrescente
Com
a introdução do fator tempo,
na distinção entre longos períodos e curtos períodos, Marshall conseguiu
determinar a importância tanto do custo
de produção (para longos
períodos) como da utilidade
marginal (para curtos
períodos), na formação do valor das mercadorias.
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